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APANHEI-TE CAVAQUINHO

Composição:
Darcy de Oliveira (Darcy de Oliveira)
Ernesto Nazareth (Ernesto Júlio de Nazareth)
Nara Leão (Nara Lofego Leão)
Paulinho Garcia (Paulinho Garcia)
Ubaldo Mangione (Ubaldo Sciangula Mangione)

MIDI

[Letra de Darcy de Oliveira]

Inda me lembro do meu tempo de criança
Quando entrava numa dança toda cheia de esperança
De chinelinha e de trança com Mané José da França
Nunca tive na lembrança de rever este chorinho

E, hoje, ouvindo neste choro a voz do pinho
Relembrando o bom tempinho da mamãe e do maninho
Hoje sou ave sem ninho, sem família, sem carinho
Mas sou bem feliz ouvindo o "Apanhei-te Cavaquinho"

Hoje, cantando o "Apanhei-te Cavaquinho"
Fico louca, fico quente, fico como um passarinho
Sinto vontade de cantar a vida inteira
Esta vida eu levo de qualquer maneira

Ouvindo a flauta, o cavaquinho, o violão
Eu sinto que o meu coração
Tem a cadência de um pandeiro
Esqueço tudo e vou cantando o ano inteiro
Este chorinho que é muito brasileiro


[Letra de Nara Leão]

Com esse chorinho, o "Apanhei-te, Cavaquinho"
Meu piano tão certinho vai seguindo seu caminho
E a viola na calçada vai ficando encabulada
Vai tentando, vai tocando, mas tão longe do chorinho

E sendo assim eu vou tocando à minha moda
Nem te ligo, não dou bola, nem escuto essa viola
Vou seguindo em desparada nessa noite enluarada 
Preparei-te uma surpresa e apanhei-te cavaquinho!

Um choro que cantava só saudades, tristezas, temores
Hoje não sabe o que é viver a vida, esqueceu-se dos amores
Eu acho graça ao ver alguém lá fora, sofrer e a chorar 
Hoje, nada ele consegue, nem sequer me acompanhar

E o meu chorinho vai seguindo o seu caminho
Caminhando de mansinho, o "Apanhei-te, Cavaquinho"
E o piano ele é sabido, e o piano é meu amigo
Mais esperto, inteligente que qualquer violãozinho

E sendo assim eu vou tocando à minha moda
Nem te ligo, não dou bola, nem escuto essa viola
Vou andando desparado, vou na frente e sozinho
Desta vez eu te apanhei mas apanhei-te, cavaquinho!

Anda depressa pode ser que me apanhe
E que ainda me acompanhe 
Nessa dança que eu marco o passo
E que vou variando o compasso
E copiando ele quer ver como é que eu faço
Vai tentando aprender
Como tocar um bom chorinho
Mas te apanhei, meu cavaquinho

E o meu chorinho vai seguindo seu caminho,
Caminhando de mansinho, o "Apanhei-te, Cavaquinho" 
Vai andando desparado, vai na frente vai sozinho
Desta vez eu te apanhei mas apanhei-te, cavaquinho!


[Letra de Paulinho Garcia]

Esse chorinho
Que hoje, todo emocionado
Com o coração apertado, eu escuto novamente
Numa forma diferente ele vem trazer de novo
A saudade do meu povo, aquela gente que eu nunca esqueci

Inda criança apanhei-te, cavaquinho
E entre sambas e chorinhos eu deixava minha mente
Viajar devagarinho outras terras e outras gentes
E a saudade era somente uma rima em um samba cancão

Já não existe o boteco da esquina
E o samba e o chorinho encontraram novas rimas
E o mundo é diferente e a saudade é diferente
Ou quem sabe, simplesmente, o que é diferente aqui sou eu

O que não muda é este coração brasileiro
Que ouve, cheio de alegria, o chorinho verdadeiro
Que a flauta do maestro Altamiro agora traz
Lembranças e saudades do meus tempos bons em Minas Gerais


[Letra de Ubaldo Mangione]

Um cavaquinho, cabecinha pequenina no formato d'um oitinho
De boquinha redondinha, de pescoço compridinho, orelhinha cravelinha
De madeira o terninho, gravatinha de cordinha, falou:
Sou mudinho, tenho quatro "cordazinha", mas dou vida ao chorinho
Sou o molho do sambinha! Seu pandeiro, cuidadinho!
Tome tento, ó flautinha!
Seu piano, diga ao pinho: Cavaquinho já chegou!

Ó cavaquinho malcriado, deu o brado, indignado o piano:
Seu mesclado, sem teclado, vilão!
Ó cavaquinho, te arrebento, seu rebento de instrumento, ruge o piano
Seu safado, mascarado, não!
A dona flauta, com a prata mais vermelha que centelha
Num trinado, engasgado, disse apena, bufão!
Seu pandeiro, vibra o guiso ao "cavaco"
"Facão, eu te bato, eu te piso, seu "tustão"!

O cavaquinho, envergonhado, deu no pé, pé, pé
Aprendeu a lição, ão, ão
Que não se brinca em seresta, nem se ofende ninguém!
Que não se zomba do mais velho, também!
Mas cavaquinho arrependido voltou lá, lá, lá
E pediu pra ficar, ar, ar e, humilde, aprendeu, eu, eu
A respeitar os do lugar! Ah!

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