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ODEON

Composição:
Ernesto Nazareth (Ernesto Júlio de Nazareth)
Ubaldo Mangione (Ubaldo Sciangula Mangione)
Vinícius de Moraes (Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes)

MIDI

[Letra de Ubaldo Mangione]

Ó que saudade das soireés e matinês lá do Odeon
E lá do saguão o pianista, muito sério, o seu piano a dedilhar
Os namorados, no intervalo, passeavam a se olhar
Bilhetes mil tinham asas, voavam, era o jeito de amar

Ó que saudade das soireés e matinês lá do Odeon
E lá do saguão o pianista, muito sério, o seu piano a dedilhar
Os namorados, no intervalo, passeavam a se olhar
Bilhetes mil tinham asas, voavam, era o jeito de amar

E mais tarde na sala de projeção
O mocinho lutava contra o vilão
Era luta, luta dura, soco, tapa, pontapé, bofetão
A mocinha chorava e torcia em vão
A platéia gritava, com emoção
Pega, bate, pisa, mata, mata esse grande vilão

E mais tarde na sala de projeção
O mocinho lutava contra o vilão
Era luta, luta dura, soco, tapa, pontapé, bofetão
A mocinha chorava e torcia em vão
A platéia gritava, com emoção
Pega, bate, pisa, mata, mata esse grande vilão


[Letra de Vinícius de Moraes]

Ai, quem me dera o meu chorinho 
Tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia ele fazer tanto chorar
Ai, nem me lembro há tanto tempo
Todo o encanto de um passado
Que era lindo, era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão esse bordão
Que me dá vida, que me mata
É só carinho o meu chorinho
Quando pega e chega, assim, devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio-tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa chorinho querido, vem 
Mostrar a graça que o choro sentido tem 
Quanto tempo passou 
Quanta coisa mudou 
Já ninguém
Chora mais por ninguém

Ah, quem diria que um dia, chorinho meu
Você viria com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer não faz mal, tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra ficar com vocês

Chora bastante, meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim 
Pra não tocar tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria transformar em realidade a poesia
Ai, que lindo, ai que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece que sai só do coração
Se eu pudesse recordar e ser criança
Se eu pudesse renovar minha esperança
Se eu pudesse me lembrar como se dança
Esse chorinho que hoje em dia ninguém sabe mais

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